Este século XXI nos apresenta um momento de inflexão, de desvios e modulações bastante significativos na história. As novas tecnologias não apenas estão mudando a forma como interagimos com o mundo, mas também nossa percepção dele. Interagimos e nos conectamos como nunca, numa velocidade assombrosa.

Diante de problemas complexos, soluções lineares tornam-se esvaziadas, uma vez que a abordagem pode ser feita a partir de diversas perspectivas, e podem ter, inclusive, diversas soluções.

Numa conversa com a Folha de S.Paulo, sobre o trabalho num mundo de incertezas, o especialista Alexandre Pellaes disse: “Na verdade, V.U.C.A. é apenas um mundo de relações mais humanizadas. O homem sempre foi ambíguo, incerto etc.”. Ao que nos cabe questionar: organizações e líderes estão preparados para as relações humanas, para abandonar regras rígidas e tolerar o erro, para adaptar-se e mudar o rumo frente às transformações?

Ou seja, trabalharíamos com planos operacionais de curtíssimo prazo, em organizações horizontalizadas, que não tenham medo de errar. Todavia, se os ciclos operacionais são diminutos, os problemas se apresentarão na mesma velocidade. É utópico imaginar que empregadores e empregados estarão resguardados de solavancos.

Nunca se precisou tanto de pessoas que se mostrem talentosas e dispostas e que acompanhem suas lideranças nas rápidas respostas exigidas nesse ambiente incerto. Isso só é possível mediante uma cultura organizacional consistente, onde o jeito de pensar, ser e trabalhar são compartilhados e vivenciados.

Quando alguém se sente parte da cultura de uma organização, essa pessoa defende e valoriza a empresa sem que ninguém precise pedir para isso. Cultura é o resultado das práticas reais que são vivenciadas pela pessoa, que são espontâneas no cotidiano, não de uma declaração. É alma.

Notem que no universo do Franchising, o grau de dificuldade do alinhamento cultural é exponencialmente maior. O franqueador e o franqueado precisam estar conectados na mais fina sintonia, para posteriormente replicar isso nas respectivas equipes. Todos devem remar na mesma direção, mesmo nas horas de instabilidade.

Diante deste cenário, a tríade (missão, visão e valores) precisa ser repensada para um sistema complexo. Mas em qual base? Simples, nunca o PROPÓSITO foi tão importante no mundo corporativo. Colaboradores e consumidores exigem conhecer como uma determinada empresa contribui para a sociedade como um todo. Pessoas precisam sentir que o seu trabalho tem impacto positivo fora daquele ambiente. Além de fazer dinheiro, almeja-se fazer a diferença.

O trabalho significativo oferece às pessoas um sentimento de pertencimento, confiança e relacionamento. Um dos maiores desafios certamente está na “experiência do colaborador”: as empresas precisam proporcionar a experiência que promete ao cliente, em primeiro lugar, aos seus funcionários! No caso das redes, cascateamos para a experiência que ela proporciona ao franqueado; este, por sua vez, proporciona aos seus colaboradores.

Em outras palavras, podemos ampliar este pensamento explicando que a “experiência humana” abarca as aspirações de nossos clientes, funcionários e parceiros, construindo uma conexão profunda entre as pessoas que se preocupam em desenvolver os interesses que fazem parte do coletivo.

Portanto, as organizações precisam de muito bom senso na definição da direção estratégica do negócio. Missão, visão e valores não são imutáveis e deveriam ser objeto de reflexão sobre a “experiência humana”, revisando as estratégias deliberadas e se abrindo para a agilidade e a auto-organização.

Porque o futuro não é sobre o amanhã, ele acontece agora. Não é sobre a empresa na primeira pessoa, mas como nós faremos essa mudança juntos.

Nas palavras do filósofo e palestrante Mário Sérgio Cortella “é necessário promover situações, criar ocasiões que levem a refletir sobre a razão de estar ali (propósito) para que quando a pessoa resolva continuar na empresa, ela fique de modo mais legal, mais persistente e sólido.”

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